quinta-feira, junho 29, 2006


Contra os bretões...

Acho que Portugal deveria ter dois hinos. Cada um para a sua circunstância.
Por exemplo, o actual seria apenas para os jogos de futebol e o outro, mais rendilhado, mais folclórico, calminho e bucólico, para o próximo e último Quadro Comunitário de Apoio.

quarta-feira, junho 28, 2006


Sozinhos

Não conheço um só país que esteja por Portugal neste Mundial. Os grandes não querem intrusos; os pequenos não querem mais grandes. Aqui mesmo, os despeitados de uma certa facção fcp, ainda empertigados com a não convocação de Baía - imaginem! - e de Quaresma - imaginem Quaresma e Cristiano juntinhos a trocar brinquinhos... -, assumem, pé ante pé, até ao ridículo, um odiozinho pestilento e absurdo contra a selecção. Outros, também aqui mesmo, em Portugal, não querem que ganhemos mais qualquer jogo, porque pura e simplesmente estão fartos de futebol em particular, da bola em geral e da vida permeio.
Ora, como se já não bastassem as mães e os mais, aparece agora Mourinho, que jurou a pés juntos estar algures muito longe do mundial, a dar a táctica a Eriksson de como nos vencer.
Caramba! Até eu próprio começo a desconfiar da falta de assunto aqui dos meus colegas... Ou da falta dos meus colegas aqui para o assunto...

quarta-feira, junho 21, 2006


Constatações de 1ª fase


A deferência, a maciez e a quase doçura com que Argentina e Holanda encararam o seu jogo é de uma crueza atroz: ambos procuravam nos oitavos a esquálida gafa lusitana.

Aguardo a penitência holandesa. Bastante mais do que a remissão lusa.

segunda-feira, junho 19, 2006


Injustiça!

Pobres togoleses, foram roubados. Espero que - toguenses, força! - se redimam contra a França. Sim, na próxima jornada deste grupo seremos todos toguistas. Allez, allez toguinhos!

sábado, junho 17, 2006


Shaking hands is the new kiss

Comprei uma revista cor-de-rosa chamada Sábado. Tem um artigo sobre a moda Verão 2006 para bem estar e bem dizer segundo o jet set português, curiosamente também referido como alta sociedade.

Do que me lembro, não se pode dizer mala, mas sim carteira; fica bem; continuação de boa tarde; o que é o comer; fulano ou fulana; esposa ou esposo; pá (especialmente grave se dito por mulheres) e ok.

Daqui só uso "fulano", mas vou já remediar o defeito pois a pantominice jactante deixa-me imbuída de espírito de missão. Meia dúzia de mentecaptos organizadores de eventos e de galináceas broncas que nem pneus a decretar o que se deve dizer ou fazer não parece grave, mas a parlapatice pega-se e tais bizarrias entram no usuário comum, adoptadas por rebanhos de tontos que querem parecer bem.

Lembram-se de, há uns anos, uma perua qualquer anunciar que não se podia usar a lindíssima palavra prenda, tinha de ser presente? Pois nunca mais consegui dizer presente, aliás insisto em responder a qualquer chamada com um sonoro prenda! O que até já me provocou dissabores, mas não sou mulher de hesitar em fazer um sacrifício pessoal na luta por uma boa causa. Exemplo melhor ainda é aquela coisa possidónia do beijo único. Fulano ou fulana que me fuja com a face ao segundo ósculo leva à despedida com um aperto de mão para ver se gosta de ficar de cara à banda e ainda apanha com o discurso "como já vi que é de modas, não hesito em lhe impor a última... shaking hands is the new kiss."

Bom e agora vou ali perguntar ao meu esposo o que é o comer, que o fulano está atrasado com o jantar porque me foi comprar uma prenda: uma mala de mão. Fiquem bem, ok? Continuação de boa tarde e prontos, pá.


Embandeirar em arco

Portugal está no grupo mais fraco do Mundial. Selecção do segundo mundo futebolístico, seria esperado que vencesse com naturalidade os jogos do seu grupo, contra equipas do terceiro, ou, no caso de Angola, do quarto mundo.

Embandeirar com vitórias exigíveis - contra equipas que só ali estão para que a coisa se não chame Torneio Europa-Brasil-Argentina e mais uns pozinhos - é pura menoridade, típica de vencidos. À minha porta passam neste momento algumas dezenas deles, buzinando como quem não tem futuro.

Eu sugeriria que começassem a embandeirar depois do jogo com a Holanda ou a Argentina… mas suspeito que sabem não o poder vir a fazer e daí estas ejaculações precoces.

sexta-feira, junho 16, 2006


Scolari

Xerife, sargentão, teimoso e até fraude são epítetos com que a habitual má-língua portuguesa tem brindado o treinador brasileiro ao serviço da selecção nacional.

Se alguns destes são inocentes, já outros se devem, sem dúvida, à perda da nefasta influência que algum dirigismo clubista desportivo detinha sobre a chamada "equipa de todos nós".

Se se pode questionar algum populismo que Scolari usa na comunicação causando uma estranha onda de nacional-futebolismo, já o modo como "grupo de trabalho" está (re)unido à volta do seu líder é pouco usual no panorama do futebol português e mérito total daquele. De facto, o discurso de todos os jogadores, sem excepção, com os mais carismáticos à cabeça, demonstra à saciedade a capacidade de liderança e o apreço pelo trabalho de Scolari.

"Pai" (Petit e outros) , "melhor treinador que alguma vez tive" (Figo) e "uma eventual saída de Luiz Felipe Scolari do comando da Selecção Nacional representaria dar não um mas dez passos atrás" (Costinha), evidenciam a maestria com que Scolari soube constituir um grupo na verdadeira acepção da palavra. A valorização individual, como efeito da primazia do colectivo, sobressai e sobrevive a todas as rasteiras que têm sido sucessivamente passadas aos entrevistados nos períodos de declarações à imprensa.

Adivinham-se as rezas (e as peregrinações prometidas) ao insucesso deste grupo que veste na Alemanha a camisola de todos. Para que Scolari não continue a fazer-lhes sombra...aos xerifes.

terça-feira, junho 13, 2006


Pessoa



"E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz"

Obrigada.

quinta-feira, junho 08, 2006


Quota em telhado de zinco quente

Não conheço mulher que defenda sem reservas o sistema de quotas. Se calhar, estou como Pessoa: todas as minhas conhecidas têm sido campeãs em tudo. A paridade imposta soa-lhes a confissão de menoridade e elas venceram por absoluto mérito próprio. Naturalmente. Por isso, vou postular que vós, mulheres que ora me ledes (creio firmemente que está na altura de salvarmos a segunda pessoa do plural do gueto da oratória clerical, há sério risco de extinção e era uma pena perderem-se tão melodiosas formas verbais, para além de soberbos vocativos), sois casos de sucesso individual, sem necessidade de muletas legais.

Agora, pensai na carreira política partidária, como normalmente é construída a partir das bases. Se quiserdes, podeis chamar-lhe antes participação cívica - o cinismo distrai e esta é obviamente uma tese séria. A dita carreira constrói-se com assíduas reuniões nas concelhias (ou nas juventudes, para quem torcer o pepino de pequenino), um voluntariado de alta visibilidade, muitos jantares nas distritais, coligações de interesses, jogos de bastidores e inúmeras palmadas nas costas, com ou sem punhal. Na generalidade dos casos, em horário pós-laboral ou aos fins-de-semana. Só que o pós-laboral feminino está coarctado à partida por um sistema desigual que impõe à mulher o grosso da actividade doméstica e da educação dos filhos.

Estais todos a ver a Sónia da Contabilidade a sair do escritório, passar por casa para comer qualquer coisa, dar um beijo repimpado aos dois infantes e ir para a concelhia discutir a lista para a junta da freguesia até à meia-noite, certo? Enquanto o marido saiu às cinco da repartição, passou pelo supermercado, foi buscar as crianças ao colégio e fez o jantar, ficando depois a ajudar a prole nas lições, a arrumar a cozinha e a passar a ferro, realizado por saber que a sua Sónia está a trepar no partido e virá tarde, mas com uma sinecura bem apessoada? Pois.

Por isso vos digo: num parlamento composto maioritariamente por décimas terceiras figuras, eleitas em listas cozinhadas como recompensa da militância partidária e dos seus jogos de interesses, as quotas são uma forma de reparar a injustiça social da desigualdade de armas. Enquanto a Sónia for apenas igual de direito em vez de igual de facto e de direito, as quotas são um mal menor. Na melhor das hipóteses, na ausência de hordas femininas de fiéis caciques ou de devotas da palmada nas costas, os partidos terão de escolher mulheres que se distingam pela competência. Na pior, apenas acresce uma grosa de tontas ao contingente masculino de amibas. Mas, ao menos, serão tontas não discriminadas pelo facto de terem carregado o peso da casa e dos filhos enquanto os maridos obravam postas de pescada na estrutura partidária mais próxima.

quarta-feira, junho 07, 2006


Someone has just reminded me that…




It is difficult to be a woman!
You have to think like a man, behave like a lady, look like a young girl and work like a horse.

terça-feira, junho 06, 2006


Novos usos, velhos hábitos

A partir do início do próximo ano, data prevista para a entrada em vigor da nova legislação antitabagista, não me convidem para restaurantes, bares ou discotecas. Nunca houve melhor altura para se retomar o saudável costume de receber em casa.